Durante a década de 1960 a inovação no design de cerâmica na região de Staffordshire, na Grã-Bretanha, foi liderada pela Portmeirion. A companhia foi fundada por Susan Williams-Ellis (1918-2007), filha de Sir Clogh Williams-Ellis (fundador e arquitecto da pequena povoação estival de Portmeirion, no País de Gales) conjuntamente com o seu marido Euan Cooper-Willis.
A firma foi criada em 1960, a partir de uma fusão de antigas fábricas já existentes na região, iniciando a sua actividade comercial como Portmeirion em 1962.
Desde logo se afirma pelo desenho de peças que seguem o dinamismo cultural dos Anos 60 em Inglaterra, com Carnaby Street e King’s Road, em Londres, emergindo como centros internacionais da moda e cultura juvenil.
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Portmeirion - Serviço de café na forma Cylinder com o padrão Totem (1963). |
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Portmeirion - Marca de fábrica do padrão Totem. |
A forma tubular e longilínea do modelo Cylider, iniciado em 1962, é ainda hoje uma das que melhor identifica a década. Neste modelo, a geometria é levada ao extremo, desafiando os princípios do “bom design” estabelecidos pelo Council of Industrial Design (COID), que após a Segunda Grande Guerra regulamentou a qualidade do desenho da produção industrial na Grã-Bretanha, fomentando os princípios modernistas da relação forma-função e do respeito pelas qualidades intrínsecas dos materiais.
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Portmeirion - Cafeteira com padrão Totem. flickr.com |
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Portmeirion - Marca de fábrica
do padrão Totem. |
Apesar de aparentemente pouco funcional, o modelo Cylinder rapidamente se tornou um sucesso comercial, sendo produzido ao longo de toda a década com várias decorações diferentes. A primeira e que maior sucesso teve, foi a Totem, introduzida em 1963, combinando motivos estilizados em relevo, vagamente inspirados em signos primitivos, com vidrados suficientemente transparentes para porem em evidência as formas, sublinhando-as.
Pelas mãos de Susan Williams-Ellis, a Portmeirion, criou um conjunto de peças icónicas da década de 60, originando um enorme conjunto de seguidores, entre fábricas inglesas e internacionais.
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Lord Nelson Pottery - Serviço de café
inspirado no padrão Totem da Portmeirion. ebay |
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Lord Nelson Pottery - Cafeteira e açucareiro inspirados no padrão Totem da Portmeirion. ebay |
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Lord Nelson Pottery - Marca de fábrica. ebay |
A SECLA estará entre as fábricas a desenvolver uma série de padrões em relevo, revestidos com esmaltes monocromáticos transparentes, destinados ao mercado anglo-saxónico que acabarão por definir a sua imagem, tanto no contexto nacional como internacional.
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SECLA - Serviço de café modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP |
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SECLA - Serviço de café modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP |
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Um dos padrões produzidos pela fábrica das Caldas da Rainha simplifica o elemento fundamental do padrão Totem, da Portmeirion, um signo em forma de asterisco, integrante típico das gramáticas decorativas da Era Atómica, abundantemente usado na padronagem têxtil e nas artes gráficas.
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Asterisco na tampa da cafeteira SECLA e no corpo da cafeteira Portmeirion. © CMP |
Este padrão, concebido em 1969-70, a partir de uma ideia de Alberto Pinto Ribeiro (1921-1989), fundador da SECLA, toma o nome de Apollo XII, a segunda missão lunar do programa Apollo da NASA (National Aeronautics and Space Administration), no auge da escalada dos projectos espaciais, impulsionada pela Guerra Fria.
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SECLA - Cafeteira, modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP |
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SECLA - Tampa da cafeteira, modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP |
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SECLA - Cafeteira P.2482, modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP |
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SECLA - Leiteira, modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP |
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SECLA - Leiteira P.2485, modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP |
As formas do serviço Apollo 12 são mais funcionais do que as dos serviços da linha Cylinder. Menos estilizado, o desenho da asa e do bico do bule, demonstra maiores preocupações ergonómicas e de eficiência. Também a sua altura é menor, promovendo uma maior estabilidade, já que os bules da linha Cylinder se desequilibram com muita facilidade.
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SECLA - Açucareiro, modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP |
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SECLA - Pote para mel e açucareiro, modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP
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SECLA - Pote para mel e açucareiro, modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP
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SECLA - Tampa do açucareiro modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP |
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SECLA - Tampa do pote para mel, modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP |
O pote para mel não pertence ao serviço, era vendido separadamente, ainda que o modelo seja exactamente o mesmo do açucareiro, só mudando a tampa. No pote a tampa é adornada com uma abelha, o que caracteriza a maior parte dos potes para mel produzidos pela SECLA.
Para este serviço foram produzidos dois tipos de chávenas, umas mais altas, com pires de maior diâmetro e outras mais baixas. Desconhece-se a razão da existência destes dois modelos de chávena, é no entanto provável que o de formato maior se destinasse ao mercado inglês e o menor ao mercado nacional, tendo sido produzido posteriormente.
O padrão Apollo XII foi também aplicado em serviços de chá, canecas e outros objectos que mostraremos noutras publicações.
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SECLA - Chávena P.2490, modelo Apollo XII, c.1969-70. © CMP |
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SECLA - Chávenas P.2496, modelo Apollo XII, c.1969-70. © Joel Paiva |
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SECLA - Chávena P.2496, modelo Apollo XII, c.1969-70. © Joel Paiva
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SECLA - Pires, modelo Apollo XII, c.1969-70. © Joel Paiva
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Identificação dos modelos:
- Cafeteira - P.2482 - 22 cm de altura
- Leiteira - P.2485 - 10 cm de altura
- Chávena de café (alta) - P.2490 - Ø 6,5 cm x 9 cm de altura
- Chávena de café (baixa) - P.2496 - Ø 6,5 cm x 5,5 cm de altura
- Pires maior - Ø 12,5cm
- Pires menor - Ø 11,7cm
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SECLA - Marca de fábrica. © CMP |
Tal como outras peças produzidas pela SECLA neste período, estes modelos foram fabricados com vidrados de várias cores, abaixo podem ver-se duas tonalidades diferentes de verde.
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SECLA - Pote para mel, modelo Apollo XII, c.1969-70. |
CMP* agradece aos coleccionadores Joel Paiva e Cristina Martins, autora da página
Memórias da Secla, a cedências de imagens de peças das suas colecções.
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