terça-feira, 2 de agosto de 2011

Maria Keil - Estação Campo Pequeno - Azulejos do Metro de Lisboa I

Os trabalhos de construção do Metropolitano de Lisboa iniciaram-se em 7 de Agosto de 1955 e, quatro anos depois, em 29 de Dezembro de 1959, o novo sistema de transporte foi inaugurado. 
A rede aberta ao público consistia numa linha em Y constituída por dois troços distintos, Sete Rios (actualmente, Jardim Zoológico) – Rotunda (actualmente, Marquês de Pombal) e Entre Campos – Rotunda, confluindo num troço comum, Rotunda – Restauradores.
O primeiro conjunto de estações  teve por base uma tipologia estabelecida pelo arquitecto Francisco Keil do Amaral (1910-1975), que possuía já uma larga experiência na concepção de espaços públicos ligados aos transportes, tendo sido sua a autoria do projecto do edifício da aerogare do Aeroporto da Portela, inaugurada em Outubro de 1942. 
O modelo de estação-tipo desenhado por Keil do Amaral para o Metropolitano, veio a ser utilizado com poucas alterações até 1972, quando ficou completa a extensão de Alvalade.


Acesso Norte da estação Campo Pequeno ao tempo da sua inauguração. Foto do Estúdio Horácio Novais (1930-1980) - Biblioteca Gulbenkian Flickr

As onze estações iniciais, à excepção da Avenida, foram revestidas com painéis de azulejos da autoria da artista plástica Maria Keil (n.1914), esposa do arquitecto.
Rogério Ribeiro (1930-2008) ficou encarregue da Avenida, por indicação da artista que se responsabilizou ainda pelo desenho de painéis para mais oito estações da fase de construção seguinte.
Maria Keil desenvolveu o projecto seguindo orientações expressas do Conselho de Administração do Metropolitano, segundo as quais não deveria utilizar nestes revestimentos motivos figurativos. A artista cria então um conjunto de padrões geométricos abstractos, concebidos para permitirem inúmeras possibilidades de aplicação e conjugação dos módulos. Estas eficientes peças têm resistido à passagem dos anos e às insistentes e descuidadas intervenções do Metro de Lisboa, constituindo-se como referência paradigmática do que deve ser a qualificação dos espaços públicos, tendo como principal objectivo a melhoria da qualidade de vida dos seus utilizadores.


Maria Keil - revestimento da estação Campo Pequeno (1958-59). © CMP

O volumoso trabalho foi realizado nas oficinas da fábrica de cerâmica Viúva Lamego, reabilitando assim uma unidade fabril, à época com sérias dificuldades económicas.  
O Metropolitano tomou a seu cargo os custos das matérias-primas, tendo a artista oferecido o seu trabalho à cidade de Lisboa, nas paredes das instalações do novo transporte público.


Maria Keil - revestimento da estação Campo Pequeno (1958-59). © CMP

A estação Campo Pequeno é uma das onze estações pertencentes à primeira fase do 1º escalão da construção, tendo aberto ao público em 1959 a quando da inauguração da rede. Em termos arquitectónicos e artísticos seguiu o programa então adoptado para todas as estações desse escalão, o projecto arquitectónico é da autoria do arquitecto Falcão e Cunha.


Maria Keil - revestimento da estação Campo Pequeno (1958-59). © CMP

Para a estação Campo Pequeno, o revestimento de azulejos criado por Maria Keil é constituído por uma malha de linhas oblíquas brancas e ocres, que se entrecruzam sobre um fundo azul claro, definindo um padrão que evoca uma estrutura cristalina. Alguns dos elementos de contorno linear são preenchidos a ocre, azul, branco ou preto, de forma a destacarem-se do plano de fundo.

Maria Keil - revestimento estação do Campo Pequeno (1958-59). © CMP

O Metropolitano de Lisboa revela uma preocupação em dotar os seus espaços de circulação interna com revestimentos modernos e funcionais resultantes de intervenções artísticas. 
Esta decisão parte do então Presidente do Metropolitano, engenheiro Francisco de Mello e Castro, demonstrando uma visão da gestão dos espaços já implementada por muitas outras redes de metropolitano em várias cidades da Europa e dos Estados Unidos da América.(informações retiradas do site do Metropolitano de Lisboa)

Sem comentários:

Enviar um comentário